Historiografia literária brasileira - 2ª parte
Gilberto Mendonça Teles analisa autores, obras e as fases que compõem o estudo da historiografia literária: sua evolução, as novas observações e as repetições de um historiador para outro
Gilberto Mendonça Teles
Especial para o Jornal Opção
Especial para o Jornal Opção
A história da historiografia literária do Brasil pode ser percebida por meio de três fases simétricas ao nosso processo cultural: “Fase de Informação” (dos primórdios a 1826 ); de “Formação” (de 1826 a 1888); e de “Confirmação” (e às vezes de “Conformação”), de 1888 a 2000. Essas três fases não constituem blocos isolados, mas se alinham numa direção progressiva, de modo que o observador pode, por meio delas, perceber o tipo de modificação que se foi operando, as novas observações e as repetições de um para outro historiador.
“Informação”, mas no sentido latino de “informare”: “dar forma, iniciar alguma coisa” desde dentro. É típica do período colonial, quando o símbolo (vertical, impositivo e coletivo) se impunha ideologicamente sobre a linguagem da metrópole e quando os acontecimentos literários da colônia eram relegados ou vistos com desconfiança, além de que Portugal não podia se dar ao luxo de fazer a história literária de suas colônias, uma vez que nem havia ali o que estudar nem havia escrito ainda a sua própria história literária.
Em 1761, o cônego Bernardo Lima começa a publicar a sua “Gazeta Literária”, que circulou por vários anos sem a menor referência a um autor brasileiro ou nascido no Brasil. Apesar de alguns brasileiros aparecerem na obra de Bouterwek (“Geschichte der Neuen Poesie un Beredsamkeit”), e na do suíço Simonde de Sismondi, “De la Littérature du Midi de l’Europe”, de 1813, que via a literatura do “grande império dos portugueses como uma literatura de esperança, do futuro”, cremos que o pouco que se poderia chamar crítica no Brasil do século 18 está nos poemas metalinguísticos de Silva Alvarenga, nas atas e nos atos laudatórios das várias academias que foram surgindo, como a Brasílica dos Esquecidos (1724), a dos Renascidos (1759), a dos Felizes (1736), a Científica do Rio de Janeiro (1772), a Sociedade Literária do Janeiro (1786) e a Arcádia Fluminense (1º quartel do século 19). Todo o material desses atos acadêmicos se encontra hoje no livro “O Movimento Academicista no Brasil” (1641-1820/22), em quatorze volumes, publicado por José Aderaldo Castello, de 1969 a 1978. Apesar de existirem obras de poetas nos séculos 17 e 18 e narrativas especiais como “O Peregrino da América” e “As Aventuras de Diófanes”, não se pode falar ainda numa “literatura brasileira” e, portanto, numa história literária nessa época.
“Informação”, mas no sentido latino de “informare”: “dar forma, iniciar alguma coisa” desde dentro. É típica do período colonial, quando o símbolo (vertical, impositivo e coletivo) se impunha ideologicamente sobre a linguagem da metrópole e quando os acontecimentos literários da colônia eram relegados ou vistos com desconfiança, além de que Portugal não podia se dar ao luxo de fazer a história literária de suas colônias, uma vez que nem havia ali o que estudar nem havia escrito ainda a sua própria história literária.
Em 1761, o cônego Bernardo Lima começa a publicar a sua “Gazeta Literária”, que circulou por vários anos sem a menor referência a um autor brasileiro ou nascido no Brasil. Apesar de alguns brasileiros aparecerem na obra de Bouterwek (“Geschichte der Neuen Poesie un Beredsamkeit”), e na do suíço Simonde de Sismondi, “De la Littérature du Midi de l’Europe”, de 1813, que via a literatura do “grande império dos portugueses como uma literatura de esperança, do futuro”, cremos que o pouco que se poderia chamar crítica no Brasil do século 18 está nos poemas metalinguísticos de Silva Alvarenga, nas atas e nos atos laudatórios das várias academias que foram surgindo, como a Brasílica dos Esquecidos (1724), a dos Renascidos (1759), a dos Felizes (1736), a Científica do Rio de Janeiro (1772), a Sociedade Literária do Janeiro (1786) e a Arcádia Fluminense (1º quartel do século 19). Todo o material desses atos acadêmicos se encontra hoje no livro “O Movimento Academicista no Brasil” (1641-1820/22), em quatorze volumes, publicado por José Aderaldo Castello, de 1969 a 1978. Apesar de existirem obras de poetas nos séculos 17 e 18 e narrativas especiais como “O Peregrino da América” e “As Aventuras de Diófanes”, não se pode falar ainda numa “literatura brasileira” e, portanto, numa história literária nessa época.
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